terça-feira, 13 de setembro de 2011

A cidade

Mergulho na cidade luminosa procurando a cada esquina, a cada luz, a cada recanto, os meus sonhos, perdidos em vão. Vejo da minha janela a imensidão de cor que paira sobre a noite escura e sonho. Por nostalgia do céu negro invadido pela luminosidade do luar ornado com luzinhas a cada recanto, contemplo o nada que é tudo. Não procuro conhecer-me, não desta vez. Unicamente experimento a sensação de vaguear o olhar por entre as casas, os prédios, as ruas e ruelas, os parques. E eis que o olhar se prende naquilo que mais quero. Naquilo que mais gosto. E por entre as ruas e ruelas, por entre as luzes e luzinhas perde-se o pensamento e a reflexão sobre o futuro, que deambula entre a insegurança e a vontade de continuar. Quando olho para todas aquelas luzes, quando a minha vista não consegue fugir daquela imagem que reconheço tão bem, solta-se o suspiro. O suspiro pelo suspense que é esse futuro, essa incógnita por resolver. Cada vez mais por entre as luzes, as ruas e a cidade que pertence à minha vida tenho a certeza do que realmente quero. Certezas que caminham lado a lado com a ideia de que são objectivos quase inalcançáveis. Sonhos que parecem não desabrochar, quando a vida caminha a passos largos, sem cessar. E quando me apercebo que aquele som é-me tão familiar, me faz tão bem; quando tenho a plena noção de que olhando pela janela aumenta a vontade de estar naquele lugar; apercebo-me que mesmo sendo algo quase inalcançável, não é possível desistir agora. Eu sou assim. Quero ter uma oportunidade. Julgo já a estar a ter. Não quero desistir, se não deixo outros desistirem. E enquanto as dúvidas e as certezas continuam a pairar na minha mente, continuo a vaguear o meu olhar pela cidade. Pelas luzes, pelas ruas e pelos becos. Pelos recantos da minha mente. E os olhos teimosamente continuam olhando para aquele lugar…