segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A alma está fria, as mãos estão quentes

Caminho nas sombras da noite procurando a claridade da realidade. Está frio, a alma está fria, as mãos estão quentes.

Caminho na sombra da noite que desprezo. Escuridão é uma capa que oculta. Protege e ataca os desprotegidos. Gosto do dia, da claridade batendo nas coisas mostrando-me a mais pura das realidades.

Caminho na sombra da noite num passo acelerado. Está frio. A alma está fria. Por entre o tempo que passa sem cessar, procuro acelerar o passo para que não pare. O tempo não pode estagnar, não faz sentido. Para o tempo numa realidade distante em que o olhar ultrapassa a realidade e vagueia entre pensamentos e datas e factos. Não, o tempo não pode parar. Se paro, estagno nessa noite e nesse frio de alma em que não faz sentido ficar. Há coisas que não fazem sentido, não são racionais. Passam dias e horas e segundos e continua a não ser real. 

Caminho na sombra da noite pensando que devia caminhar mais devagar. Ninguém me acompanha, não tenho ninguém ao meu lado. Caminharei depressa demais, ou terei ficado restringida a um único caminho, perdendo a noção que há mais estrada para além desta?

Caminho na sombra da noite procurando desesperadamente o dia. A claridade. A motivação. A esperança.

A alma está fria mas as mãos estão quentes. Resta-me aproveitar enquanto estão não estão frias e dar-lhes utilidade. Trabalho. Caminho. Dia. Luz. E enquanto sigo perdida, sem saber que caminhos tomei, evitando olhar para trás, para o escuro da noite, procuro não parar, acelerar o passo e fazer sempre mais. “Não há tempo suficiente”. Não importa. Pelo menos, há dia.