quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Perdoa-me

Sinto-me frustrada, frustrada por lutar por algo já inicialmente perdido, frustrada por acreditar que o irremediável pode melhorar. Invento mil e uma coisas para fazer como tentativas escusadas para não pensar no que sou, nos erros que cometi. Quero resolve-los, enfrenta-los, mas falta-me a coragem, a força. Faltam-me os meios. Estraguei tudo dizendo brincadeiras que tomaste como verdades, inventando desculpas para erros nos quais reparaste, erros que nos afastaram no único momento em que conseguimos superar os defeitos e nos aproximamos. Estraguei tudo, brincando com algo que era, afinal, tão sério para ti. E agora preciso de ti mais do que nunca. Fazes-me falta. Não sei como te mostrar o quanto arrependida estou, não sei como te pedir perdão, pois sinto que apenas essa palavra não é suficiente. Tento voltar atrás, queria voltar atrás. Tu não deixas, não cooperas. Agora sinto-me só, mais só do que sozinha. E espero que me perdoes para que possamos voltar a ter aquilo que tínhamos. Aquilo, nem sei bem o quê. Mas aquilo tão belo, que o quero, e não sei bem porquê.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Já é passado

Questiono-me se alguma vez me conheceste verdadeiramente. Fizeste juras e promessas nas quais acreditei, nunca pondo em causa a tua palavra. “Acredita em mim”, dizias-me. E eu acreditava. Mas depois, viravas costas e eras mais um, mais um desconhecido, mais um daqueles que não se importam. Sentia-me triste. Tu notavas e dizias que estava tudo bem. Sabias sempre convencer-me. Quis confiar em ti, crer que o que por mim dizias sentir era verdadeiro. Sentia uma ausência de ti mesmo quando me abraçavas. Não te sentia, deixei de sentir. Por vezes tinha a sensação de ser um mero objecto que manipulavas, numa tentativa de distracção quando não tinhas coragem para enfrentar todos os teus problemas. Depois separamo-nos. Julguei que viria a ter saudades tuas, mas não. Saudades….Não, não eram saudades. Apenas não queria perder as memórias que tinha de ti. As boas memórias, não as de quando me mentias. E tirando essas, poucas ficam. Não te odeio, essa fase já passou. Tenho um pouco de pena por não te conseguires entregar verdadeiramente a alguém. Fico triste por saber que me usaste, me mentiste, me manipulaste. Agora estou bem, estou feliz. E também te quero ver feliz. Sei que tens medo de mostrar o teu outro lado. Mas acredita que quando essa tempestade de sentimentos, de medo e vergonha, de receio e dúvidas, de certezas e incertezas, passar, tudo ficará bem. Ficarás bem. Acredita. Porque depois da tempestade, o sol regressa sempre.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Tempestade

Férias. Como é habitual, fico mais um pouco deitada. Mas hoje, estranhamente, algo me parecia dizer para não ficar mais ali. Levantei-me. Abri a janela. Um friozinho agradável invadiu o quarto. Sorri para tudo. Ouvia-se o chilrear dos pássaros, pela manhã. Ainda tudo estava silencioso. Todo aquele silêncio me fez pensar o quanto é bom estar assim, sem nada planeado, sem compromissos. E, de repente, memórias do passado voltam, regressam inesperadamente, sem serem desejadas. E, por uns momentos, receio aquilo que pensava ser o que mais queria. O sonho de reviver momentos passados assombra-me, como uma tempestade de saudade, amor, ódio e desejo. Continuo a minha manhã, fazendo tudo aquilo que tenho a fezer. E, de repente, começa a chover. A Natureza parece ter escutado a melodia desafinada que nesse momento me assombrava. E acompanhou-a. Todos os pensamentos aos quais há muito tentava fugir, que há muito evitava, foram-me invadindo alternadamente. E todos eles me entristeceram. Mas agora, lá fora, a chuva começa a abrandar, como se já tivesse cumprido o seu objectivo. E quando a tempestade acabar, quando a chuva passar, voltarei a sorrir e a viver o dia plenamente, sem medo das consequências.

sábado, 9 de agosto de 2008

Distante de ti

Há já algum tempo que não te vejo e sinto que te posso perder. Tenho medo que a distância nos torne, de novo, meros desconhecidos. Sinto receio de te perder, de te desconhecer, que te afastastes mais do que o que já estás. Cada escassos minutos que vão passando parecem intermináveis horas e apenas anseio o dia em que te voltarei a ver. A distância faz-me querer-te, desejar-te. Tenho medo que me esqueças e, em parte, também tenho medo de te esquecer. Espero ansiosamente uma mensagem tua, mas admito que o som da tua particular voz sabe muito melhor. Aqueles escassos momentos em que te ouço relembram-me o quanto te quero junto a mim. O teu nome aquando na chamada provoca-me uma imensa alegria, algo estúpida, que não consigo explicar. Não sei o porquê de todos estes sentimentos, mas a verdade é que tu, e apenas tu, mos provocas. E agradeço todos estes sentimentos, todas as alegrias e tristezas, ânsias e dúvidas. Agradeço a esperança que me dás quando para mim falas. Agradeço, pois é por causa de ti que a minha vida tem sentido.

sábado, 2 de agosto de 2008

Lá fora, a chuva cai

Verão. A quente tarde, surpreendeu com a vinda não prevista mas há muito desejada da chuva. As pingas, relativamente grossas, caíam numa silenciosa sintonia, num delicioso ritmo. Tudo estava calmo. O ar, abafado e quente, contrastava com o céu cinzento, nublado. Ganhei aquilo a que muitos designam de coragem e outros de loucura, e saí para a rua. Fiquei ali, quieta, parada. As pingas percorriam a minha face sempre com a mesma calma e serenidade. Uma frescura percorria-me o corpo, provocando uma fantástica sensação. Cheirava a terra molhada. Não havia chovido ainda muito, mas tinha sido o suficiente para provocar a existência daquele cheiro, tão singular, tão intenso, tão maravilhoso. Não se ouvia um único som, à excepção do da chuva. Tudo parou, tudo se silenciou, para desfrutar da melodia das pingas caindo sobre os beirais das casas, ou sobre a estrada, ou sobre outra coisa qualquer. Chuva de Verão. Quente e fresca, intensa e serena, deliciosa e singular. O Sol vai tentando espreitar por entre as nuvens, numa tentativa forçada de demonstrar que também ele quer participar neste retrato de natural beleza. Entrei para casa e sentei-me junto à janela, olhando para além dos vidros. E lá fora, a chuva cai.