Ai saudade
Saudade do que fui e não mais sou. Saudades da ingenuidade
de olhares que desconhecia quando procurava conhecer esse lado obscuro onde
sabia haver luz. Vontade de regressar à ingenuidade do desconhecido onde
conhecia apenas o essencial. O essencial que me iludia nessa ilusão que não me
desiludia a cada segundo do rápido tempo que teima em não passar.
Ai vontade
Vontade de regressar à ingenuidade das palavras não
procurando ler as entrelinhas das linhas inutilmente ditas, insatisfatoriamente
proclamadas sem o tom que procurava ouvir, sem tom algum.
Ai sorriso
Por saber que agora conheço mais o olhar que me parecia tão
vazio, na imensidão de emoções que se escondem por trás dessa cortina. Ai
sorriso por saber que conheço melhor do que pensava os mais vulgares
desconhecimentos que me assustam por saber que me acalma saber o quando sei.
Ai confusão
Quando sei que o mau sabe bem porque é bom e o que é bom faz
tão mal. Dualidades de consciências quando falta a sanidade para pensar e para
sufocar essa insanidade, dando fôlego à própria da consciência.
Ai mente
Porque continuas a dizer constantemente que é errado quando
certamente essa verdade está tão presa em mim, procurando eu a mentira numa
prova irrefutável que conheço e procuro desconhecer.
Ai palavras
Que voltastes tanto tempo depois, agarradas a mim quando vos
pensava tão soltas, numa proximidade que eu procurava manter distante,
acalmando uma mente confusa e clara. Palavras, porque voltastes….?