sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Desconhecido

Olho para uma imagem tão comum, de mim, uma imagem tão desconhecida. Olho-me seriamente tentando decifrar aquilo que vejo, tentando ver o invisível. Desconheço-me, não sei quem sou. Olho para um exterior que me é depreciativo, que nada me diz. Busco-me na incerteza de especulações, na vivência diária de uma vida sem rumo exacto, sem destino certo. Ultrapasso obstáculos constantes, diariamente. Escondo emoções e opiniões com medo de errar aquando do pronunciamento dessas mesmas palavras. Chego ao fim do dia, cansada de tudo e, num papel, desabafo incertamente, confusamente. São ideias desorganizadas que recolho e tento sequenciar, escusados gestos que, no entanto, me mantêm ocupada. Gestos que sei não serem eternos. Escrevo palavras infiéis a sentimentos, retratando uma lição de vida aprendida na simplicidade de um gesto. E são muitas as lições. Olho para mim e busco as mudanças positivas que terão surtido, procurando razão essencial para a busca constante da essência da vida. Olho para mim e desconheço-me. Vasculho o álbum de memórias e imagens, relembrando aquilo que sou e que fui, desconhecendo a razão pela qual existem tantas diferenças entre aquilo que sou em diferentes fases de mim. Admiro algumas qualidades minhas, sem saber qual a razão para a sua presença incansável. Arrependo-me dos meus defeitos. Sou mero corpo habitante de uma realidade, tendo-me sido atribuído um nome. É esse o nome que busco como identidade pessoal, marca de mim, de quem sou. A imagem continua, ainda desfocada. E desconheço-me, não sei quem sou.

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