quarta-feira, 16 de julho de 2008

Amizade de desconhecidos

Fomos tudo, amigos, amantes sem o sermos, por vezes, meros desconhecidos que ansiavam conhecer-se. E não éramos nada. Conhecíamo-nos, desconhecendo aquilo que éramos. Desconhecendo, até, aquilo que sentíamos. Separámo-nos por algum tempo, pensando estar sempre juntos. O tempo passou, como o mar que enchia de ansiedade por te ver, esvaziando e levando consigo a aproximação existente. Estavas ao meu lado, mas sempre tão distante de mim. Já não consigo comunicar contigo da mesma forma que comunicava, naquele tempo em que apenas um olhar bastava. Sinto que te não conheço, que te quero descobrir, de novo. Mas fechas-te na tua concha, não te deixas revelar. Manténs-te imparcial a sentimentos e emoções, não os deixando transparecer. Revelas-te como uma contradição de ti próprio, uma moeda com duas faces. Dizes, desmentindo logo de seguida. Confundes, afastas e aproximas. Tudo parece um jogo no qual me tentas enfraquecer e confundir. De facto, já o conseguiste mas arranjo a força necessária para continuar a lutar por ti. Força essa, muitas vezes, que tu me dás. Sinto que aquilo que tínhamos nunca mais será recuperado, são ondas passadas, que não voltam mais. Mas juntos, se assim o desejares, podemos alcançar algo mais do que esta amizade de desconhecidos. E voltaremos a revelar-nos, voltaremos a conhecer-nos, voltaremos a completar-nos.

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