terça-feira, 21 de outubro de 2008

Álbum de memórias

Peguei em pedaços divididos, de mim. Memórias que vagueavam numa agitação constante, regressando do nada, inesperadamente, e escondendo-se quando eram necessárias. Ordenei-as confusamente sendo estas irrequietas demais. Queria sequencia-las num álbum da minha vida, álbum esse com tantas páginas mas ainda tão pequeno. Olho para o passado relembrando o que se passou, e só agora entendo os erros que cometi. São tantas as coisas que gostava de corrigir, tantos os erros que gostava de evitar... Seria, assim, uma vida perfeita, e não terrena. São os erros cometidos que nos ensinam a crescer. São lições aprendidas instantaneamente com equívocos nos quais só reparamos tempo depois. E são tantas as vivências nas quais gostava de participar, de novo. São tantas as memórias irrequietas que relembro, acalmando-se estas para as conseguir agarrar. Vão agora surgindo umas outras, anteriormente recalcadas e disfarçadas, ínfimos pormenores que há muito me havia esquecido. São tristezas e alegrias, arrependimentos e orgulho. É o orgulho em ser quem sou e em quem participa nas fotos desfocadas da minha alma. É o retrato de quem sou, pintado por inúmeros protagonistas da mísera história da minha vivência. É um conto no qual não se sabe o final, o desenrolar ensurdecedor de uma melodia irrepreensível. É uma máscara que protege e camufla tudo lá dentro, o espelho que não consegue transmitir um interior tão simples. É a fórmula fundamental baseada apenas nas lições aprendidas com outros tão especiais, sendo a sua resolução tão simples como o uso das memórias como método. É um simples e imenso álbum. Organizo as minhas memórias num álbum. E esfolho agora as suas páginas recordando o que se passou. Com um sorriso e uma lágrima…

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