terça-feira, 7 de outubro de 2008

Silêncio

Prezo a calma e serenidade do silêncio quando me vejo perdida no meio da confusão, atropelada por berros e gritos que não consigo calar, quando parece não haver saída eminente. Anseio o recanto do nada, quando em mim são projectados objectivos e projectos forçados, sem possível fuga para estes. Meu Deus, quanto desejo ausentar-me do barulho e confusão que me assombra, quando só quero estar recatada no meu canto, aglutinando as peripécias da minha vida, boas e más, num baralho de cartas que ponho em cima da mesa e jogo com elas….jogar com a minha vida! Quanto eu queria fechar-me à chave, muito bem escondida para ninguém me descobrir e poder descansar e aliviar-me de tudo. E depois, o tão desejado silêncio vem. Delicioso, tão querido! Sabe tão bem, no início. Os primeiros instantes são fantásticos, ouvindo uma melodia surda. Não existe melhor terapia, melhor relaxamento. E depois começa a saturar. As cartas com que inicialmente jogava viram-se contra mim por tentar controla-las. Dizem ser conduzidas por esforços e sorte, e não jogadas como um jogo qualquer, no qual evitamos tristezas. O silêncio transmite, agora, uma melodia ensurdecedora à qual tento fugir. O nada torna-se cansativo, saturante. Desejava ouvir o som do silêncio mas agora só quero dele fugir. Olho para o nada e este torna-se tão vazio, tão escuro, tão frio. Lá fora ouço os risos de felicidade… As mais belas sensações são transmitidas na calma do silêncio: o silêncio de um olhar, de um sorriso, de um beijo. Os mais belos sorrisos são criados pelas mais simples palavras. O poder do silêncio. Tão forte, desejado, querido. Tão saturante, cansativo. As mais belas palavras são ditas no silêncio, mas as mais belas gargalhadas são partilhadas, bem alto, para todos ouvirem. E para todos sorrirem. Silêncio….Levanta-te e, em silêncio, aplaude a vida.

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